O primeiro-ministro admitiu, esta quarta-feira, que o Governo está a avaliar a continuidade do regime de vistos gold para obtenção de autorização de residência em Portugal, admitindo que poderá não se justificar mais a sua manutenção.
A afirmação de António Costa foi proferida aos jornalistas no final de uma visita de quase duas horas à zona de exposições da Web Summit, na Feira Industrial de Lisboa (FIL), depois de ter sido questionado sobre o regime fiscal especial destinado aos chamados «nómadas digitais».
«Há programas que nós estamos neste momento a reavaliar e um deles é o dos vistos gold, que, provavelmente, já cumpriu a função que tinha a cumprir e que neste momento não se justifica mais manter».
Da Esquerda à Direita, a reação foi positiva, com a maioria dos partidos a reconhecer ser necessário avaliar o programa.
A questão é: será que o fim dos vistos gold vai descer o preço das casas? Hugo Santos Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, e Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, trocaram argumentos na antena da SIC Notícias.
Os argumentos contra os vistos gold
Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, considera que os vistos gold não trouxeram nada de positivo para Portugal e defende que só pode ser ironia o primeiro-ministro dizer que já cumpriram o que têm a cumprir.
«Qual foi a função que os vistos gold cumpriram em Portugal? Os vistos gold foram uma fraude», diz, falando de «esquemas duvidosos» e de «privilégios».
Mariana Mortágua defende ainda que “nenhum dinheiro no mundo” deve comprar um visa: “As regras devem ser iguais para todos”
Os argumentos a favor dos vistos gold
Hugo Santos Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, defende que o programa deverá continuar a existir porque Portugal precisa de captar investimento estrangeiro.
«Não terá grande sentido a comunicação numa altura em que Portugal precisa de captar investimento estrangeiro», afirma.
Na SIC Notícias, diz que os vistos gold “não têm a ver com preços da habitação” e esclarece que as transações imobiliárias são comunicadas a todas as autoridades pelos bancos e promotores imobiliários.
O responsável diz a habitação tem “um problema de oferta”: “Quando percebermos isso, vamos começar a ter mais casas para os portugueses”.
Questionado sobre possível corrupção, considera que, mesmo que haja suspeitas, a solução não é acabar com o programa:
«Estamos a viver graves problemas económico. É óbvio que o programa deverá continuar a existir».
Fuente SIC NOTICIAS